Serial killers através dos tempos
Assassinos em série podem até parecer um fenômeno recente, mas a verdade é que eles existem praticamente desde o começo do que chamamos de mundo civilizado. Uma das principais diferenças é que, naquela época, dependendo do seu status social, matar pessoas poderia ser considerada uma mera extravagância, e não necessariamente um crime.
Um desses nomes possivelmente era o de Vlad III, que ficou conhecido como “Vlad, o Empalador”, e que teria sido a inspiração real para o Conde Drácula — embora tal crueldade seja questionada por historiadores até hoje. Desde então, nomes como “Jack, o Estripador” e “Sweeney Todd” assombraram o imaginário popular e seus crimes são motivo de especulação até hoje.

Do século XX para cá, os avanços da sociedade sempre foram acompanhados de diferentes tipos de criminosos violentos. Muitos deles cometeram seus crimes pela mesma época, antes mesmo do conceito de assassino em série ser cunhado pelos investigadores do FBI. Com a ajuda do livro Serial Killers: Anatomia do Mal, a Caveira investigou alguns dos principais serial killers através dos tempos e veio compartilhar os achados desta cronologia a seguir:
Do século XIX até a Primeira Guerra Mundial
1900-1914: Béla Kiss
Antes mesmo do século XX começar, um homem se tornaria conhecido como “o primeiro serial killer dos Estados Unidos”: H. H. Holmes. A história do assassino é contada por Harold Schechter no livro H. H. Holmes: Maligno – O Psicopata da Cidade Branca. Sua empreitada mais famosa é a construção de um hotel para receber os hóspedes da Exposição Universal de Chicago, em 1893. Só que o lugar funcionou mais como um labirinto e uma verdadeira armadilha para as vítimas de Holmes. Oficialmente, ele confessou 27 assassinatos, mas é possível que a contagem de corpos seja muito maior.

Já na época da Primeira Guerra Mundial, um funileiro húngaro chamado Béla Kiss teria utilizado os classificados de namoro para atrair e matar pelo menos 24 mulheres na vila de Czinkota. Só que os crimes foram descobertos só em 1916, após Kiss ter sido morto em um front da guerra.
Serial killers das décadas de 1920 e 1930
1918-1924: Fritz Haarmann
1924-1932: Albert Fish
1926-1927: Earle Nelson
1930-1947: Jake Bird
1935-1941: Jarvis Catoe
Na Alemanha, o período entre as duas guerras testemunhou alguns dos crimes sexuais mais repugnantes na história do país, incluindo os de Fritz Haarmann, conhecido como o “Vampiro de Hannover”, responsável por matar brutalmente cerca de cinquenta garotos.
Do outro lado do Atlântico, Haarmann tinha um admirador nos Estados Unidos: Albert Fish, que guardava todos os recortes de jornal sobre o assassino alemão. A maior parte dos crimes de Fish foi cometida na década de 1920, mas os assassinatos só foram descobertos em 1934, quando ele já era um senhor de idade. Com crimes que vão desde homicídio até desmembramento, tortura e canibalismo, Albert Fish se tornou o mais terrível monstro americano da Grande Depressão.

Mas a prisão de Fish estava longe de ser um ponto final na caçada aos assassinos em série: o ano de 1934 coincidiu com uma onda de homicídios que durou quatro anos: o “Assassino do Tronco de Cleveland” esquartejou mais de dez pessoas e espalhou as partes dos corpos pela cidade. O assassino nunca foi preso e sua identidade permanece um mistério.
Assassinos em série da década de 1940
1941-1942: Gordon Cummins
1943-1953: Reg Christie
1945-1946: William Heirens
1946: Neville Heath
Não bastassem os horrores causados pela guerra, a década de 1940 também teve seus serial killers infames, alguns até dentro das forças armadas, como os britânicos Gordon Cummins e Neville Heath, que matavam especificamente mulheres.
Nos Estados Unidos, o serial killer mais infame da década foi William Heirens, cujo caso provoca controvérsias até hoje. Desde a adolescência ele arrombava apartamentos e roubava principalmente roupas íntimas de mulheres. Seus crimes escalaram quando ele estava na universidade e passou a assassinar mulheres, em uma das cenas do crime escreveu com batom “Pelo amor de Deus me peguem antes que eu mate mais. Não consigo me controlar”, e por isso ficou conhecido como “Assassino do Batom”. Seu último crime foi ter estrangulado e desmembrado uma menina de 6 anos.
Ainda naquela década, um nome conhecido dos DarkSiders cometeria seus primeiros crimes: Ed Gein, o açougueiro de Plainfield. Embora tecnicamente muitos não o considerem um serial killer, por ter assassinado duas pessoas, seus crimes como necrófilo e sua coleção de suvenires macabros das vítimas são comentados até hoje. O assassino inspirou o livro Psicose, de Robert Bloch, e será tema da terceira temporada da série antológica Monstro, de Ryan Murphy.

Serial killers dos anos 1950
1956-1958: Peter Manuel
1957-1958: Harvey M. Glatman
1959-1963: Eric Edgar Cooke
Os anos 1950 de modo geral são considerados uma época nostálgica, considerada de excepcional tranquilidade nos Estados Unidos. Só que apesar dessa aura de “alegria e inocência”, a década viu alguns dos crimes mais chocantes do país até então, como os crimes do sádico Harvey Glatman, que fotografava suas vítimas amarradas e aterrorizadas antes de estuprá-las e estrangulá-las.
De certa maneira, os suvenires de Glatman e de Ed Gein refletiam os valores da década e prenunciavam tempos muito mais tumultuados na investigação de assassinos em série.
Serial killers dos anos 1960
1962-1964: Albert DeSalvo (o Estrangulador de Boston)
1964-1973: Edmund Kemper
1961-1962: William Macdonald
1961-1971: Graham Young
1966-1973: Gerard Schaefer
1965-1969: Jerry Brudos
1968-1969: O Assassino do Zodíaco
1968-2007: Pedrinho Matador

Chegamos à década que abriu as portas para o imaginário popular que temos de serial killers até os dias de hoje. Os anos 1960 vieram com um turbilhão de revoltas e mudanças sociais importantes, como a intensificação dos movimentos pelos direitos civis, a segunda onda de movimentos feministas, a corrida espacial e os assassinatos políticos.
A época de John Kennedy, Martin Luther King e Woodstock também viu os noticiários tomados por crimes brutais como os do Estrangulador de Boston, o Assassino do Zodíaco, Edmund Kemper, Jerry Brudos e, mais pro fim da década, os crimes Tate-LaBianca chamaram a atenção dos perigos provocados pelo líder cultista e assassino Charles Manson. No Brasil, o fim da década marcaria o início dos homicídios cometidos por quase quatro décadas por Pedrinho Matador, que dizia ter ceifado mais de 100 vidas, e cujo caso é analisado por Ilana Casoy no livro Serial Killers: Made in Brazil.
Serial killers dos anos 1970
1972-1989: Arthur Shawcross
1975-1980: Peter Sutcliffe
1975–1998: Harold Shipman
1975-1998: Robert Lee Yates Jr.
1976-1977: David Berkowitz (Son of Sam)
1977-1978: Richard Chase
1978-1983: Dennis Nilsen
1978-1990: Andrei Chikatilo
Se os anos 1960 abriram as portas para os serial killers como os conhecemos, a década de 1970 expandiu o conceito de uma maneira irreversível. Depois dos casos do Zodíaco e de Manson, e com a popularização já consolidada dos televisores, os noticiários também passaram a dedicar muito mais espaço à cobertura policial.

O período testemunhou um aumento tão acentuado no número de assassinatos sexuais que, segundo o próprio FBI, era como se um novo fenômeno em homicídio tivesse entrado em cena. Para descrever os autores destes crimes, Robert Ressler, autor de Mindhunter, e seus colegas do Bureau adotaram um termo que havia sido cunhado uma década antes e que logo tomou conta do imaginário popular: serial killer.
Por que essa década especificamente? Várias razões já foram sugeridas, e a maioria delas tem a ver com a mudança drástica nos hábitos sexuais ocorrida nos anos 1960. O serial killer que melhor exemplifica o lado sombrio da liberação sexual nos anos 1970 é Ted Bundy: um jovem charmoso e atraente que escondia a alma de um sociopata e um perigoso predador.
Além dele, nomes como John Wayne Gacy, BTK e Son of Sam também povoaram os noticiários na década. Paralelamente, o FBI passou a conduzir estudos com os criminosos para identificar padrões psicológicos que pudessem catalogar esses assassinos e auxiliar os investigadores em crimes futuros — um trabalho que tem reflexos importantes na captura de criminosos até os dias de hoje.

Serial killers dos anos 1980
1980-1995: Herb Baumeister
1982-1998: Gary Ridgway (Green River Killer)
1984-1985: Richard Ramirez
1984–1987: Robert Berdella
1986-1992: Hadden Clark
1989–1990: Danny Rolling
1989-1993: Joel Rifkin
Nos anos 1980, o “fenômeno serial killer” ainda estava bem presente nos medos coletivos. Alguns dos assassinos que iniciaram seus crimes nos anos 1970 ainda estavam em atividade, como o BTK, e a conturbada prisão de Ted Bundy povoava os noticiários.
A década também teve sua boa dose de predadores infames que começaram ou intensificaram seus crimes, como os violentos assassinatos de Richard Ramirez em Los Angeles, ou as vítimas do Green River Killer, por exemplo. Os anos 1980 também começaram em meio a tragédia dos assassinatos das crianças de Atlanta — que teve uma resolução questionada até os dias de hoje —, e, claro, as mortes causadas pelo Canibal de Milwaukee, Jeffrey Dahmer.

Serial killers dos anos 1990 até os dias de hoje
1990-1993: Heriberto Seda
1990-1994: Henry Louis Wallace
1992-1999: John Eric Armstrong
Os avanços na investigação dos assassinos em série contribuiu bastante não apenas na captura, mas também na prevenção deste tipo de crime. O uso de DNA e de bancos de dados mais completos e integrados, por exemplo, deu mais agilidade na resolução deste tipo de caso, que observou uma queda significante de ocorrências a partir da década de 1990. Os últimos anos também marcaram a captura de predadores de longa data, como Jeffrey Dahmer, Dennis Rader e Gary Ridgway.
A maneira com que as pessoas consomem conteúdo true crime também mudou, principalmente a partir do sucesso do filme O Silêncio dos Inocentes, que mostrou um lado muito mais técnico e psicológico da investigação criminal. Houve ainda uma mudança no perfil criminal ao redor do mundo, com a ascensão do crime organizado, dos atentados terroristas e dos assassinatos em massa em escolas.
Isso, é claro, não significa que os serial killers tenham deixado de existir por completo. Um exemplo bem recente é o de Israel Keyes, que conseguiu despistar a polícia por dezesseis anos antes de ser capturado, em 2012.

É claro que os recursos que dispomos hoje em dia ainda não são suficientes para evitar completamente que este tipo de crime ocorra. Porém, é inegável que ajudam a reduzir o tempo de atividade destes predadores, evitando que muitas vidas sejam destruídas por eles. Mais do que nunca, podemos nos apoiar de que não existe crime perfeito, apenas criminosos que ainda não foram pegos.
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